sexta-feira, 11 de abril de 2008

Não Há Tempo Para Bolotas



Há muito, muito tempo, quando tudo estava coberto de gelo, vivia em esquilo que tinha uma bolota e muitos problemas para a guardar e esconder.
Numa noite, escura como breu, estava ele a passear na neve, encontrou uma luz verde a brilhar no chão. Escavou, escavou, escavou e encontrou uma máquina muito estranha, presa na mão de um esqueleto vagamente humano. Depois de um grande susto, conseguiu libertar a máquina, mas ao tocar-lhe esta disparou um raio de luz que fez desaparecer a sua querida bolota.
O esquilo nem queria acreditar. Tentou mexer na máquina, onde aparecia um visor com números muito estranhos, mas não conseguindo reaver a sua preciosa bolota, zangado, deu-lhe um grande pontapé. A máquina disparou então um novo raio contra o esquilo, fazendo-o também desaparecer.
Quando deu por si viu-se numa floresta e reparou que a bolota estava em cima de uma grande pedra, presa por um rochedo enorme e muito pesado. O esquilo puxou e puxou mas não a conseguiu libertar. Era precisa muita força para a tirar. Desanimado, olhou para trás e viu uma espada espetada numa pedra. A máquina estranha e verde era uma máquina do tempo que o tinha transportado para a Era do Rei Artur. Tentou a sua sorte e tirou facilmente a espada da pedra. Mas, em vez de ser coroado rei, como mandava a lenda, viu-se perseguido por inúmeros soldados, que lhe lançaram setas afiadas e assustadoras, obrigando-o a fugir.
O esquilo correu e correu e encontrou finalmente um sítio para se esconder, numa caverna escura e comprida. Estava a tentar acalmar-se quando ouviu um zumbido estranho e distante. Quando deu por si tinha sido disparado violentamente para longe, porque a caverna afinal era a boca de um canhão e o zumbido o rastilho aceso.
Enquanto voava, disparado pelo canhão, voavam de encontro a si florestas de setas afiadas e prontas a matá-lo. Ele gritou, arrancou os cabelos e por sorte a máquina do tempo tinha sido disparada juntamente com ele. O esquilo mexeu e pontapeou a máquina, mas esta teimava em não funcionar. Quando estava quase a ser picado pelas setas a estranha máquina do tempo finalmente disparou um raio verde, salvando-o mas lançando-o de novo no desconhecido.
Atordoado abriu os olhos e viu-se na Roma Antiga, em pleno circo, no meio de uma violenta corrida de quadrigas. Ficou preso numa delas que o arrastou pela arena até se conseguir soltar mesmo à porta da jaula dos leões. Aterrorizado pelos rugidos famintos dos felinos, o esquilo carregou em todos os botões da sua máquina do tempo até que esta, finalmente, o lançou de novo na sua Idade do Gelo.
Ele abraçou emocionado a neve e o gelo, sentindo-se de regresso a casa. Puro engano. De repente ouviu um grande e poderoso apito de um navio. Afinal não estava na Idade do Gelo mas sim num iceberg no meio do Atlântico prestes a ser esmagado pelo embate do Titanic. O esquilo ainda tentou fugir subindo o iceberg até onde pode. Mas o Titanic esmagou-o contra o gelo com tal força que o fez atravessar o iceberg e cair desamparado nas águas geladas.
Segundos antes de cair no oceano a máquina do tempo disparou acidentalmente lançando-o no espaço intemporal mais uma vez.
Desta vez acordou ao lado de si mesmo e dos seus amigos da Idade do Gelo. E teve de lutar consigo próprio pela posse da sua querida bolota. Mas a máquina do tempo voltou a disparar e a lançar a confusão na sua vida, primeiro roubando-lhe mais uma vez a bolota e depois lançando-o de novo de encontro à sua sorte.
Depois de muitas peripécias semelhantes nas mais variadas épocas e situações viu-se preso no relógio do tempo com a sua adorada bolota a fugir-lhe para um buraco negro capaz de tudo sugar à sua volta. Desesperado tentou agarrá-la conseguindo ser puxado com ela para aquela buraco assustador.
Finalmente os seus problemas pareciam ter terminado. Quando abriu os olhos viu uma árvore gigante coberta das suas bolotas predilectas prontas a serem comidas. Ficou tão feliz com a sua sorte que jogou para o chão a sua bolota e apressou-se a destruir a máquina do tempo para que, desta vez, pudesse usufruir sossegado o seu tesouro. Mas, ironia do destino, encontrava-se no futuro, e a árvore e bolotas que vira não eram verdadeiras mas sim de metal, fazendo parte de um monumento à última azinheira da região.
O esquilo ficou triste mas lembrou-se que ainda tinha a sua bolota verdadeira. Porém, quando se preparava para a agarrar, a máquina do tempo, apesar de semi-destruída, lançou um derradeiro raio para a bolota lançando-a no infinito e deixando o pobre esquilo preso num futuro sem bolotas.
O esquilo triste e zangado gritou:
Haaaaaaaaaaaaaaaa….


Fim

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